Parte 2

Parte 2
A dimensão deste problema levou o Governo a criar mecanismos de resposta, como o rendimento social de inserção a par de um apoio directo e indirecto a instituições que desenvolvem projectos de acção social. Apesar do empenho e de toda a atenção que os sucessivos governos vêm dar a este tipo de problemas, reconhece-se a incapacidade de por si só assumir o controlo e resolução dos diversos problemas.

Neste momento para determinado tipo de situações existem incentivos diversos para a criação de valências na área do apoio a pessoas carenciadas para entidades particulares e instituições sem fins lucrativos.

Através da vertente de acção social, desenvolvida a partir do Instituto de solidariedade e Segurança social, organismo tutelado pelo ministério da Segurança Social e do Trabalho apoiam-se instituições, de cariz particular com vocação social.

Estas instituições desenvolvem competências diversas, orientadas para a correcção de disfunções sociais e carências de uma determinada zona geográfica ou região.

A Direcção Geral da Solidariedade e Segurança Social, é a entidade que reconhece e gere as instituições particulares de acção social, conhecidas como IPSS ( Instituições Particulares de Solidariedade Social), desenvolvendo projectos e apoio em articulação com os Centros distritais de Segurança Social, com uma representação nacional através dos 18 centros distritais e dos serviços locais com forte cobertura nacional.

A actividade destas instituições é financiada a partir do orçamento geral do estado e da segurança social, além dos donativos que particulares e empresas doam ou oferecem sob a forma de numerário ou bens materiais diversos, eventualmente estimulados pelo mecenato social..

voluntariado assume assim especial importância, na medida que evita a contratação de recursos humanos, indispensáveis ao funcionamento das diversas vertentes destas organizações, que chegam aqui desinteressadamente dispostos a ajudar.

A ES foi reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade e Segurança Social pelo Despacho/portaria n.º de publicado no Diário da Republica , III série nº 162 em 16-7-97.

Contudo, desde 1990 que vinham desenvolvendo com muitas pessoas de áreas universitárias diversas, uma intensa actividade de voluntariado social no bairro da charneca do Lumiar.

No inicio, trabalhava na instituição uma pessoa que recebia um subsidio de 85.000 escudos, que foi determinante para a aprovação do projecto, P.A.D.I. Projecto de Apoio ao Desenvolvimento Integral, que lhe possibilitou a concessão de um subsidio de 30.000 contos durante 3 anos e meio, permitindo-lhes dessa forma aumentar o numero de colaboradores e obter instalações adequadas.

Inicialmente a acção consistia num apoio escolar nas manhãs de sábado, às crianças com mais dificuldade na aprendizagem, moradores naquele bairro e que frequentavam a escola primária nº 66.

As crianças eram seleccionadas pelo director , por indicação dos professores tendo atingido na altura cerca de 100 alunos por ano. Insistia-se na matemática, no português e na componente de formação pessoal e ética .

Naturalmente e como resultado do esforço desenvolvido e dos resultados positivos destas acções formativas criaram-se laços de amizade e solidariedade não só com os alunos mas também com as famílias destes. Com efeito ou Na verdade todo o grupo se foi interessando pelos problemas, que se observavam no seio das diversas famílias dos alunos. A maioria destes problemas exigiam atenção de todos, passando desta forma natural, a acção dos formadores a abranger o apoio directo às famílias.

Com meios muito reduzidos iam tentando dar solução às varias dificuldades que surgiam ao nível social, económico, jurídico, e da própria organização da vida quotidiana doméstica etc. Inicialmente , o apoio era sobretudo afectivo e estava alicerçado na escuta atenta aos problemas das pessoas e a tentativa de um aconselhamento oportuno e amigo.

Tendo em conta que é muito mais importante criar aptidões e formar personalidade do que proporcionar um apoio material, sempre casuístico, e não nos esquecendo do velho provérbio “não dês comida a um pobre, ensina-o a pescar ”, a nossa ajuda foi gradualmente amadurecendo, passando de canalizar peças de vestuário, calçado, mantas e víveres, para uma concentração de esforços em lhes conseguir emprego, incentivá-los a trabalhar e inculcar-lhes alguns hábitos de higiene.

Era inevitável que relativamente às famílias a quem já nos tínhamos afeiçoado todos nos preocupássemos pelos seus problemas das mais variadas naturezas. No entanto não deixa de ser compreensível que de acordo com as nossas áreas de estudo específicas a cada estudante lhe atraísse determinada área. Assim quem tinha formação médica era imediatamente atraído para as barracas onde abundava a falta de saúde, quem tinha formação jurídica dirigia-se àquelas barracas em que existiam questões jurídicas que pensavam estarem aptas a resolver, os vocacionados para o desporto rapidamente se lembraram de formar equipas desportivas ,etc.

Nesta perspectiva, pareceu-nos um desfecho lógico de toda a nossa actividade pôr ao serviço dos estratos mais desfavorecidos da nossa sociedade, com os quais estamos já tão familiarizados, a nossa formação específica e a nossa vocação social fazendo desta tarefa o nosso trabalho profissional “
Transcrevem-se de seguida, um conjunto de mensagens usadas nos diversos materiais que produzem, fundamentais para entender a abrangência da actividade desta instituição e a sua filosofia de base:

precisam de ti ...“ conta connosco ”...a boa vontade por si só não chega ...“ independentemente do dramatismo das circunstancias, a família pode ser sempre aquele lugar onde nos valorizam pelo que somos e não pelo que temos ou sabemos”...na maioria dos casos as pessoas carenciadas não são responsáveis pela sua pobreza mas sim da atitude perante a mesma ...“ a acção é a solução ”...o trabalho não é só um meio de subsistência mas uma forma de realização pessoal e de ser útil aos outros ...“ se estás desempregado precisas de nós”...

Embora os números sejam importantes para compreender a dimensão e o efeito potenciador de um determinado projecto, não contabilizam o mais importante tal como nos foi dito pelo Dr. Javier Calderon, que são as profundas relações de amizade estabelecidas, os valores humanos, sociais, e cívicos transmitidos, o enriquecimento mutuo e o crescimento como pessoas, quer por parte dos profissionais quer por parte das pessoas atendidas.

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