O presente trabalho foi realizado por Filipe Almeida e Silva para o MBA da Associação de Estudos Superiores de Empresa


Parte 1
Estudar esta organização, pequena em recursos financeiros, meios disponíveis e limitadas capacidades de intervenção, mas enorme na capacidade de realização e na motivação que todos os seus agentes põem no seu trabalho diário, deu-me uma imensa satisfação.

Estas instituições enquanto autênticos paradigmas de gestão, são sem duvida um caso de estudo e merecedoras de toda a nossa atenção. Do pouco, fazem efectivamente muito e bem. Aplicam intuitivamente todas as técnicas de gestão com um único objectivo ajudar quem realmente precisa.

Adaptam-se com uma facilidade transcendental para fazer face aos novos desafios que pessoas carenciadas lhes trazem sob a forma de disfunções sociais ou problemas graves de saúde.

A sua eficácia é total, muitas vezes em prol de uma eficiência só possível com mais e melhores meios que escasseiam.

São casos de sucesso que lidam com o insucesso diário, e são casos de sucesso porque simplesmente não podem falhar. A desgraça dos que necessitam não se compadece com o fracasso dos que ainda têm alguma centelha de esperança e a distribuem de uma forma consistente, pragmática e plena de generosidade.

Um bem haja para estes heróis das sociedades desenvolvidas, gente empenhada e desinteressada e em especial para o Dr. Javier Calderon e sua equipa, que possam navegar nestas aguas tumultuosos por muitos e muitos anos.“

Entrar em algumas barracas da nossa cidade é penetrar na aventura da vida e do drama que muitas vezes acompanha, é enfrentar-se com o mistério do sofrimento e descobrir que alguém precisa de nós

Depois de ler atentamente, toda a informação prontamente enviada por Javier Calderon, presidente da Associação de Emergência Social uma IPSS, com uma actividade muito relevante na área do apoio a famílias e jovens altamente carenciadas na zona de Lisboa, FAS, a frequentar o curso eMBA, AESE em Lisboa, interrogava-se que tipo de pessoa seria aquele homem que de uma forma tão determinada estava a levar à vante uma obra de grande envergadura e sentido cívico. Quais seriam as sua motivações, com que forças superava o pesado fardo, resultante do sucesso que tinha obtido com a sua actividade passada e a falta de apoios generalizada com que as diversas organizações se debatiam. Como encarava o futuro?

Estas e outras questões em breve seriam esclarecidas na medida que o relator dirigia-se para o local marcado para o encontro onde presencialmente teria a oportunidade de conhecer e entrevistar Javier Calderon, um jovem com 33 anos e formação superior em direito.

Um problema social com responsabilidades politicas

Antecedido por sucessivas levas de emigração, que desertificaram o interior do País ferindo de morte artes e saberes tradicionais a par da economia rural, sucederam-se sucessivas levas de imigrantes, provenientes das ex-colónias Portuguesas e mais recentemente dos países de leste, sobrevivendo em condições degradantes e infra-humanas, em zonas degradadas e nalguns casos “bairros de lata” sem qualquer tipo de condições nas zonas periféricas de grandes cidades Portuguesas.

Estes seres humanos juntaram-se aos já existentes resultado de fenómenos migratórios de pessoas do interior que procuram melhores condições de vida em cidades do litoral e sobretudo na zona da grande Lisboa.

Após ultrapassarem o limiar da pobreza, entram numa espiral vertiginosa de destruição e incapazes de saírem dela pelos seus próprios meios. A maioria acaba ligada aos meandros da prostituição caindo na malhas complexas do mundo da droga e da marginalidade.

A erradicação de barracas levanta também por si problemas de adaptação às novas condições de vida e ao novo contexto social. Por vezes é necessário reeducar e acompanhar estas pessoas em situações de elevado stress e completamente incapazes de lidar com uma simples habitação social. Cabendo aqui a AES um papel fundamental no acompanhamento do processo de transição.

Trabalho inexistente ou altamente degradante a par de um reduzido nível de qualificações, ou a falta de reconhecimento destas , a falta de respostas por parte do estado e a incapacidade reconhecida de lidar com as mais variadas situações, conjugam-se para criar um forte sentimento de frustração a ausência completa de auto-estima nas pessoas que vivem nesta situação.

Fruto de diversas situações, a queda dentro do limites do limiar da pobreza, potencia de imediato um conjunto de disfunções em todas as vertentes, pessoais, familiares e sociaisActualmente imigrantes dos países de leste altamente qualificado, não têm qualquer reconhecimento das mesmas qualificações pelas entidades competentes, levando-os a optarem por trabalhos desadequados à sua formação e preparação académica.


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